Seixal, 31 de maio de 2025 — Os Serviços Centrais da Câmara Municipal do Seixal foram palco de um poderoso apelo à paz no passado sábado, dia 31 de maio. Aí realizou-se o IV Encontro pela Paz, promovido pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) em conjunto com doze outras organizações. O evento decorreu sob o lema emblemático: “Pela Paz Todos Não Somos Demais! Cumprir a Constituição de Abril!”
Ao longo do dia, os participantes debateram problemas globais prementes no âmbito de três painéis temáticos: “Paz e Desarmamento”, “Cultura e Edição para a Paz” e “Solidariedade e Cooperação”.
O evento foi aberto por Paulo Silva, Presidente da Câmara Municipal do Seixal, que saudou calorosamente os participantes e sublinhou a importância do fórum nos tempos difíceis atuais. Isabel Camarinha, dirigente do CPPC, ao dar início aos trabalhos do Encontro, reafirmou o compromisso da organização com o alargamento da cooperação na luta pela paz – “esta frente de trabalho”.
Apesar da diversidade de perspetivas e abordagens, todos os oradores foram unânimes em apontar o perigo do momento atual, as graves consequências das guerras que assolam diferentes pontos do mundo e, consequentemente, a necessidade premente de união e mobilização na luta pela amizade, cooperação e paz.
A solidariedade com os povos oprimidos foi um tema central do fórum. Os participantes reiteraram o seu apoio ao povo palestiniano e exigiram o fim imediato do genocídio. Também se expressou solidariedade com o povo do Saara Ocidental (saaráui), com o povo cubano e com muitos outros que sofrem com agressões e ingerências externas. Um lugar especial foi ocupado pela intervenção de representantes da “Associação de Ucranianos em Portugal – Batkivshina(Pátria)”. Eles intervieram em nome do povo ucraniano, expressando o seu desejo de uma resolução rápida e pacífica do conflito com a Rússia e a disponibilidade para o diálogo e cooperação com todos os países envolvidos neste conflito.

O culminar do dia foi a aprovação por unanimidade do “Apelo à Defesa da Paz”. O documento sublinha o compromisso das organizações promotoras em continuar as ações em defesa da paz, do desarmamento e do cumprimento da Constituição da República Portuguesa. O Apelo afirma:
- O perigo do momento atual: O aumento das tensões e o fomento do caminho belicista ameaçam a paz e o bem-estar dos povos.
- A base da paz: A defesa do espírito e dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, nascidos após a vitória sobre o nazismo há 80 anos, é a base para pôr fim à corrida ao armamento e às guerras.
- Cultura de paz: A necessidade de promover uma cultura de paz e solidariedade, especialmente com os povos que sofrem de agressão e ingerência (incluindo migrantes e refugiados), e de desenvolver a cooperação pacífica como alternativa à guerra.
- Educação para a paz: O papel crucial da educação, especialmente entre os jovens, na promoção dos valores da paz, amizade, solidariedade, cooperação, dignidade e justiça.
- Desarmamento nuclear: A necessidade urgente de eliminar as armas de destruição massiva, em particular as nucleares, e de apoiar as iniciativas internacionais correspondentes.
- O legado da Revolução de Abril: O 50.º aniversário da Revolução de 1974 (que será amplamente celebrado) recorda os princípios consagrados na Constituição, que devem guiar as relações internacionais de Portugal: independência nacional, igualdade dos Estados, respeito pelos direitos humanos e direitos dos povos (incluindo o direito à autodeterminação e ao desenvolvimento), solução pacífica de conflitos, não ingerência nos assuntos internos, desarmamento geral, dissolução de blocos político-militares e cooperação para o progresso da humanidade. O Fórum é dedicado a estes princípios, e o lema “Cumprir a Constituição de Abril!” apela à sua concretização.
“Pela Paz Todos Não Somos Demais! Cumprir a Constituição de Abril!” – estas palavras foram o leitmotiv da marcha final dos participantes do Encontro (cujo número atingiu cerca de mil pessoas) até à Baía do Seixal. As suas vozes, unidas num só apelo, ecoaram sobre a água: o mundo precisa não de guerra, ameaças, confronto e rivalidade, mas de fraternidade, amizade, cooperação e Paz!

O IV Encontro pela Paz no Seixal constituiu um marco importante no alargamento do movimento pela paz em Portugal. A luta pela paz continua e continuará com renovada força e determinação, pois este é o único caminho para a humanidade.
Apelo à Defesa da Paz (Principais Pontos):
- Contexto: A paz enfrenta o aumento das tensões e do militarismo.
- Objetivo: Alargar a convergência para a defesa da paz como base da liberdade, soberania, democracia, direitos e progresso.
- Base: A Carta da ONU e o direito internacional – fundamento para pôr fim às guerras e à corrida ao armamento.
- Apelo 1: Promover uma cultura de paz e solidariedade, apoiar as vítimas de agressão.
- Apelo 2: Desenvolver a educação para a paz entre os jovens.
- Apelo 3: Lutrar pela eliminação das armas nucleares e apoiar o Tratado de Proibição de Armas Nucleares.
- Apelo 4: Celebrar o 50.º aniversário da Revolução de Abril e defender os princípios consagrados na Constituição de política externa pacífica (independência, igualdade, solução pacífica de litígios, não ingerência, desarmamento, cooperação).
- Compromisso: Continuar a unir esforços em Portugal para a defesa da paz mundial, organizar novas iniciativas, incluindo o próximo Encontro pela Paz. Pois pela paz, todos não somos demais!
Apelo à defesa da paz
Pela paz todos não somos demais!
Cumprir a Constituição de Abril!
Em nome das organizações que promoveram este IV Encontro pela Paz, saudamos todos quantos participaram e contribuíram para a sua preparação e realização. Num contexto mundial complexo em que se elevam as tensões e em que o caminho belicista é cada vez mais fomentado, com sérias ameaças à paz e graves consequências para os povos, como se vê com o horror imposto ao povo palestiniano, o sucesso do Encontro confirma a nossa disponibilidade e empenho em que se prossiga e se alargue ainda mais a convergência de vontades para a ação em defesa da paz, essencial à vida humana e condição indispensável para a liberdade, a soberania, a democracia, os direitos, o progresso social e o bem-estar dos povos – para a construção de um mundo melhor para toda a Humanidade.
Reconhecendo que a defesa do espírito e dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional – emanados do fim da II Guerra Mundial e da vitória sobre o nazifascismo, alcançada há 80 anos – é a base fundamental para o fim do militarismo, da escalada armamentista e da guerra, assim como para defender e promover a paz e o desenvolvimento de relações mais equitativas entre os povos de todo o mundo, afirmamos o nosso empenho e apelo à promoção de uma cultura de paz e de solidariedade entre os povos, dando particular atenção aos povos vítimas de ingerência, de agressão e de opressão, incluindo os migrantes e os refugiados, e desenvolvendo uma ação de incentivo à paz e à cooperação em alternativa à guerra e à rivalidade nas relações internacionais.
Atribuindo a maior importância à educação para a paz, nomeadamente junto das novas gerações, este Encontro projetou a atualidade dos valores da paz, da amizade, da solidariedade, da cooperação, da dignidade, da justiça – valores que devem caracterizar as relações entre os Estados e entre os povos –, motivando o nosso empenho e apelo a que se promovam iniciativas neste âmbito, em escolas, associações e autarquias, nomeadamente em torno do Dia Internacional da Paz (21 de setembro), da Declaração Universal dos Direitos Humanos ou da Constituição da República Portuguesa, Constituição de Abril.
Conscientes da premência do fim das armas de destruição em massa, nomeadamente de todas as armas nucleares, afirmamos o nosso empenho e apelo a que se promovam iniciativas públicas que não esqueçam e que contribuam para que jamais se repitam bombardeamentos atómicos como os de Hiroxima e Nagasáqui, de que se assinalam os 80 anos a 6 e 9 de agosto, que destaquem o Dia Internacional para a Abolição Total das Armas Nucleares (26 de setembro) ou que pugnem pela assinatura e ratificação por Portugal do Tratado de Proibição das Armas Nucleares.
Valorizamos o muito vasto conjunto de iniciativas comemorativas dos 50 anos da Revolução de Abril, acontecimento maior da História de Portugal, que pôs fim a 48 anos de fascismo, incluindo a 13 anos de guerra colonial, que consagrou a liberdade, a democracia nas suas múltiplas vertentes, a soberania nacional, a paz e o progresso social. Uma Revolução que estabeleceu princípios fundamentais que devem reger as relações internacionais de Portugal e que ficaram consagrados na Constituição da República Portuguesa, à qual dedicamos este Encontro, cujos 50 anos se assinalam em 2 de Abril de 2026 e que urge cumprir: a independência nacional e a igualdade entre os Estados, o respeito dos direitos humanos, dos direitos dos povos, incluindo o direito à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, a solução pacífica dos conflitos internacionais, a não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados, o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares, a criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos ou a cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade Afirmamos o nosso empenho e apelo a que se promovam iniciativas visando celebrar os valores de Abril e a sua consagração constitucional e pugnar pela sua defesa e concretização.
Conscientes de que a paz é um direito fundamental da Humanidade, sem o qual nenhum outro direito estará garantido, e alertando para os sérios perigos que a ameaçam, consideramos que este IV Encontro pela Paz constitui um importante passo para o alargamento do movimento da paz no nosso País e afirmamos a vontade de continuar a unir esforços em Portugal na defesa da paz no mundo, assumindo o compromisso de realizar novas iniciativas com este objetivo, incluindo um novo Encontro pela Paz, pois pela paz, todos não somos demais!
Encontro pela Paz, Seixal, 31 de Maio de 2025