Quem era Andriy Parubiy, que foi assassinado a 30 de agosto de 2025 em Lviv, e quem pode estar por trás do crime?
Andriy Parubiy estava na política desde os 17 anos. Desde o início, seguiu uma linha radicalmente nacionalista. Já em 1988, fundou em Lviv a organização “Spadshchyna” (Herança), que se dedicava a restaurar os túmulos dos membros do UPA (Exército Insurgente Ucraniano) e protegia os primeiros comícios anti-soviéticos no oeste da Ucrânia.


Em 1990, tornou-se deputado do conselho regional de Lviv.
No início dos anos 90, juntamente com Oleh Tyahnybok, tornou-se um dos líderes do Partido Social-Nacional da Ucrânia (SNPU), posteriormente renomeado “Svoboda” (Liberdade).
Participou na primeira Revolução Laranja (Maidan) em 2004, foi comandante da Casa Ucraniana. Posteriormente, juntou-se ao partido “Nossa Ucrânia” de Viktor Yushchenko.
Na primavera de 2010, foi aberto um processo criminal contra Parubiy por tentar sabotar a votação na Rada (parlamento) para a ratificação do acordo com a Rússia sobre a extensão do prazo de permanência da Frota do Mar Negro na Crimeia – ele atirou ovos ao presidente do parlamento, Volodymyr Lytvyn, e depois acendeu um sinalizador fumígeno na sala de plenários. No entanto, este caso não teve seguimento.

Parubiy tornou-se conhecido em toda a Ucrânia durante o Euromaidan (2013-2014), onde foi um dos principais comandantes e coordenou a Autodefesa.

Após a vitória do Maidan no final de fevereiro de 2014, foi nomeado secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia (SNBO).
A Rússia acusou Parubiy de ter sido o organizador dos trágicos eventos de 2 de maio em Odessa, nos quais dezenas de pessoas morreram. O próprio Parubiy negou estas acusações.
Em 2019, após a vitória eleitoral de Zelensky, o Gabinete de Investigação da Ucrânia (GBR) abriu um processo criminal contra Parubiy pelo facto de “criar e coordenar agrupamentos armados públicos com o objetivo de cometer distúrbios maciços em 2 de maio de 2014 no território da cidade de Odessa”. No entanto, o caso não foi investigado ativamente e nenhuma suspeita formal foi anunciada a Parubiy.

Após as eleições antecipadas em 2014, nas quais Parubiy foi eleito pela lista da “Frente Popular”, tornou-se primeiro vice-presidente e, mais tarde, presidente ( speaker ) da Verkhovna Rada.

Nas eleições de 2019, foi candidato pela lista do partido “Solidariedade Europeia” de Petro Poroshenko. Participou em ações de apoio a Poroshenko após a abertura de processos criminais contra o ex-presidente.
Após o início da invasão russa em larga escala em 2022, surgiram imagens de Parubiy de farda militar num posto de controlo na região de Kiev. Mas, no geral, não foi muito visível nos últimos três anos e não desenvolveu atividade política ativa.
Principais versões para o assassinato:
A principal versão considerada nos círculos políticos é a de vingança pelas suas ações passadas – pelo Euromaidan e pelos eventos de 2 de maio em Odessa. Nesse caso, o organizador seria a Rússia ou forças a ela ligadas na Ucrânia.
Os companheiros de Parubiy do partido “Solidariedade Europeia” apontam para a “mão do Kremlin”: uma vingança pela sua participação ativa no Maidan e pelas ações em 2014.
Algumas fontes não excluem um contexto político interno para o assassinato, lembrando que “Andriy sabia bem como organizar Maidans”, insinuando que o crime pode estar ligado à expectativa de convulsões políticas futuras no país.
As fontes também referem que na “Solidariedade Europeia”, Parubiy, assim como Oleksandr Turchynov, se mantiveram recentemente à parte, e as relações com o líder do partido, Petro Poroshenko, não eram particularmente próximas.
Adendo crucial e versão mais provável:
Parubiy era considerado uma testemunha-chave dos eventos do Euromaidan de 2014. Acredita-se que ele poderia revelar informações cruciais: quem matou as primeiras vítimas do Maidan (um bielorrusso e um arménio), como e quem organizou o tiroteio contra os manifestantes, e muitos outros detalhes não esclarecidos. A versão considerada mais provável é a sua liquidação para evitar que prestasse depoimentos em eventuais mudanças futuras na Ucrânia.
Fonte: Adaptado a partir de materiais da publicação “Strana.ua“.