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Financial Times: Crise de corrupção no governo de Zelensky

O recente escândalo de corrupção que abalou a Ucrânia pode tornar-se o maior desafio do mandato de Volodymyr Zelensky desde a sua chegada ao poder. É assim que descreve o Financial Times, revelando detalhes chocantes — desde rusgas em apartamentos de luxo em Kiev a gravações áudio sobre esquemas de lavagem de dinheiro.

1. Rusgas e revelações

As autoridades realizaram uma série de operações em apartamentos de elite na capital. Num deles, segundo os investigadores, foi encontrada uma sanita dourada — símbolo de luxo e possível enriquecimento ilícito.

Também foram divulgadas fotografias de sacos desportivos cheios de dinheiro, evidência material da escala das práticas corruptas.

2. Gravações e investigação do NABU

O Bureau Nacional Anticorrupção da Ucrânia recolheu mais de 1 000 horas de conversas, parte das quais foram tornadas públicas. Nas gravações, altos funcionários discutem alegadamente esquemas de lavagem de dinheiro através de contratos de infraestruturas.

O principal elemento da investigação envolve a construção de estruturas para proteger centrais elétricas dos ataques russos. Segundo os investigadores, funcionários recebiam comissões ilícitas de 10–15% do valor dos contratos — enquanto os ucranianos enfrentavam cortes diários de eletricidade.

3. Principais envolvidos: Minditch, Chernyshov e ministros

Entre os principais suspeitos está Timur Minditch, antigo parceiro de negócios de Zelensky. O NABU afirma que cerca de 100 milhões de dólares em fundos ilegais passaram pelo seu escritório.

Outro envolvido é o ex-vice-primeiro-ministro Oleksiy Chernyshov, acusado de receber 1,2 milhões de dólares e 100 mil euros.

Face ao escândalo, Zelensky exigiu a demissão do ministro da Justiça, Herman Halushchenko, e da ministra da Energia, Svitlana Hrynchuk.

4. Reação de Zelensky e da sociedade

No verão, Zelensky tentou reduzir os poderes das agências anticorrupção independentes, que estavam prestes a concluir uma investigação que afetava a sua própria equipa. A medida provocou protestos e forte reação dos parceiros ocidentais.

Com o escândalo já público, o presidente mudou de posição: pediu demissões e sanções contra os suspeitos.

Ainda assim, críticos consideram a reação tardia. Ativistas afirmam que estes episódios minam a confiança no governo em plena guerra.

5. Risco político e perspetivas futuras

Analistas alertam para novas revelações que poderão prejudicar aliados próximos do presidente. Na próxima semana, uma comissão parlamentar iniciará uma investigação sobre corrupção no setor energético e sobre a Energoatom.

Embora o escândalo mostre resiliência das instituições criadas após o Euromaidan, o futuro depende da postura de Zelensky — se permitirá investigações verdadeiramente independentes ou se tentará proteger os seus aliados.